Myrtaceae

Psidium grazielae Tuler & M. C. Souza

EN

EOO:

57.693,006 Km2

AOO:

24,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018), com ocorrência nos estados: BAHIA, município de Santa Teresinha (Costa 2619); ESPÍRITO SANTO, municípios de Conceição da Barra (Tuler 496), Rio Bananal (Faria 2535), Sooretama (Gusson 4); RIO DE JANEIRO, município de Cardoso Moreira (Costa 359).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Critério: B2ab(ii,iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de até 12 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Foi coletada em Floresta Estacional Semidecidual associada a Mata Atlântica nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Apresenta distribuição restrita, AOO=24 km² e ocorrência exclusiva em fitofisionomia florestal severamente fragmentada. Sabe-se que a Mata Atlântica encontra-se atualmente reduzida a não mais que 15% de sua extensão original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Na área de ocorrência da espécie, os fragmentos florestais estão intercalados entre pastagens e plantações de cana-de-açúcar, frequentemente fora de área de proteção (Tuler et al., 2017), apesar de registros escassos realizados dentro de Unidades de Conservação de proteção integral. Em Santa Teresinha (BA), Conceição da Barra, Rio Bananal (ES) e Cardoso Moreira (RJ) restam cerca de 2,3%, 14,7%, 5,6% e 4,5%, respectivamente, da Mata Atlântica original (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018), hoje intensamente alterados por atividades antrópicas de alto impacto, como agropecuária extensiva, desmatamento, aumento na frequência de incêndios e expansão urbana (Lapig, 2018; Rolim e Chiarello, 2004). Diante do exposto, P. grazielae foi considerada Em Perigo (EN) de extinção. Infere-se declínio contínuo em AOO e extensão e qualidade de habitat. Recomenda-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza.

Último avistamento: 2017
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em: Phytotaxa 297(1): 78. 2017.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: perenifolia
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual
Fitofisionomia: Floresta Estacional Semidecidual
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvore de 3-12 m de altura, ocorrendo em floresta estacional semidecidual (Tuler et al., 2017).
Referências:
  1. Tuler, A.C., Souza, M. da C., Carrijo, T.T., Peixoto, A.L., 2017. A new cauliflorous species of Psidium (Myrtaceae) from the Atlantic Forest. Phytotaxa 297, 77–82.

Reprodução:

Detalhes: A espécie foi coletada em flor nos meses de: janeiro (Tuler 496), abril (Faria 2535), agosto (Costa 2703), setembro (Souza 1021), dezembro (Ribeiro 698); e em frutos nos meses de: janeiro (Tuler 496), fevereiro (Costa 359), março (Ribeiro 811).
Fenologia: flowering (Jan~Jan), flowering (Apr~Apr), flowering (Aug~Sep), flowering (Dec~Dec), fruiting (Jan~Mar)
Estratégia: iteropara
Sistema sexual: hermafrodita
Sistema: unkown

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat,mature individuals past,present,future national very high
Perda de habitat como conseqüência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001).
Referências:
  1. Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF), 2001. Atlantic Forest Biodiversity Hotspot, Brazil. Ecosystem Profiles. https://www.cepf.net/sites/default/files/atlantic-forest-ecosystem-profile-2001-english.pdf (acesso em 31 de agosto 2018).
  2. Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F.J., Hirota, M.M., 2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biol. Conserv. 142, 1141–1153.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,mature individuals past,present,future national very high
Na área de ocorrência da espécie, os fragmentos florestais estão intercalados entre pastagens e plantações de cana-de-açúcar, fora da área de proteção (Tuler et al., 2017). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  2. Tuler, A.C., Souza, M. da C., Carrijo, T.T., Peixoto, A.L., 2017. A new cauliflorous species of Psidium (Myrtaceae) from the Atlantic Forest. Phytotaxa 297, 77–82.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2 Wood & pulp plantations habitat,mature individuals past,present,future national high
Os municípios de Conceição da Barra e Sooretama (ES), com cerca de 118.489 ha 58.641 ha, respectivamente, contém 32% 5% de suas áreas convertidsa em florestas plantadas (Lapig, 2018).
Referências:
  1. Lapig, 2018. URL http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em 18 de setembro 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future national very high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Em Santa Teresinha (BA), Conceição da Barra, Rio Bananal (ES) e Cardoso Moreira (RJ) restam cerca de 2,3%, 14,7%, 5,6% e 4,5%, respectivamente, da Mata Atlântica original nesses municípios (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
A espécies foi registrada na Reserva Biológica de Córrego Grande (Tuler 496) e na Reserva Biológica de Sooretama (Gusson 4).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018).
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente -SEA : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.